A artrite e a artrose (osteoartrite) são doenças muito comuns em cães, caracterizadas pela inflamação das articulações. A diferença entre as duas condições é que a artrite tende a ser mais aguda (de início súbito, rápido desenvolvimento) e frequentemente ligada a traumas e/ou infecções, enquanto a artrose é mais crônica (progressão lenta), sendo considerada um problema degenerativo que pode ser decorrente da própria artrite, de processos autoimunes, da sobrecarga articular, entre outros motivos.
A inflamação das articulações que ocorre em ambas as situações leva ao aumento da sensibilidade na região da(s) articulação(ões) atingida(s), aumento de volume e temperatura, perda da amplitude da movimentação, e dificuldade de locomoção relacionada principalmente à dor. Tanto a artrite quanto a artrose causam grande sofrimento ao animal, chegando a ser motivo suficiente para eutanásia em casos extremos.
O QUE CAUSA?
A artrose decorrente de problemas de desenvolvimento é o problema articular mais comum entre cães, representando cerca de 70% dos atendimentos de pacientes com problemas articulares. Mais de 50% dos casos de artrose são observados em cães entre 8 e 13 anos de idade, sendo que 20% dos pacientes idosos apresentam algum tipo de problema nas articulações.
Um dos principais fatores predisponentes da artrose é o tamanho: 45% dos cães com artrite são de grande porte, sendo que 50% destes são de raças gigantes.  A obesidade e superalimentação de filhotes também têm sido bastante associadas aos casos de doenças ortopédicas em geral. Isto serve como alerta para aqueles que gostam de suplementar a alimentação de cães jovens com o objetivo de aumentar a massa muscular. Tutores de cães de raças pesadas, como Pit Bulls, American Staffordshire Terrier, entre outras, frequentemente suplementam a alimentação dos seus cães sem orientação veterinária especialmente enquanto eles ainda estão em desenvolvimento, visando a proporcionar um “porte mais bonito” aos seus animais. Inadvertidamente, estas pessoas causam uma sobrecarga nas articulações dos seus cães que frequentemente culmina com a degeneração destas (artrose).
Traumatismos, rupturas de ligamentos, e exercícios muito vigorosos ou de alto impacto também predispõem o cão à artrose. A correção cirúrgica de ligamentos rompidos, luxações, displasias, e outras condições semelhantes, pode retardar ou até mesmo impedir o processo degenerativo.
A maioria dos casos de artrose é secundária (causada por um problema anterior), sendo que um estudo feito com 150 cães apontou que apenas 20% dos animais possuíam artrose primária (“espontânea”). A idade média destes animais era de 9,6 anos, e o processo de envelhecimento foi considerado a causa da artrose primária.
COMO TRATAR?
A artrose é um processo irreversível; entretanto, ela pode ser tratada para que o sofrimento do animal diminua e a progressão se torne mais lenta. Uma vez diagnosticada a artrose, o primeiro passo para o controle da doença será o controle do peso. Animais obesos devem emagrecer, através de dieta e exercícios (os exercícios devem ser, logicamente, adaptados à condição do animal para que ele não sinta dor); se o cão estiver no “peso certo”, mantenha-o com uma dieta saudável para que não engorde.
O manejo da dor é de fundamental importância: o médico veterinário deverá prescrever uma medicação adequada minimizar o sofrimento, e permitir que o cão volte a se exercitar. Alguns suplementos alimentares, tais como a condroitina, glicosamina, e ácidos graxos do tipo ômega também têm se mostrado eficientes na redução da dor e da progressão da doença. Algumas rações específicas para cães idosos, e/ou de raças grandes, já vêm com estes ingredientes incorporados.
TEM COMO PREVENIR?
Como em qualquer outro caso, a prevenção é o melhor remédio. A prevenção está relacionada à contenção dos fatores predisponentes que já mencionamos acima, sendo a principal medida preventiva o controle do peso. Uma dieta bem equilibrada e na quantidade correta ajudarão o seu cão a manter um porte saudável. Se estiver com dificuldades para calcular a quantidade de alimentos para dar ao seu cão, ou for necessário fazê-lo emagrecer, consulte o seu médico veterinário. Além da dieta adequada, deve-se evitar o uso indiscriminado de suplementos proteicos. Estes suplementos são desenvolvidos para casos específicos de animais que estão subnutridos, ou de alta performance (cães atletas, de competição), não sendo recomendáveis para a maioria dos cães. Caso acredite que o seu cão se encaixa nestas hipóteses, consulte primeiro o veterinário.
Um estilo de vida ativo ajuda o cão a manter a sua musculatura bem desenvolvida, e apta a sustentar bem as articulações. Mas cuidado, pois certos exercícios (como saltos, por exemplo) causam altos impactos para as articulações, podendo ser mais prejudiciais do que benéficos.
Por fim... Problemas ósseos e articulares que aparecerem no decorrer da vida do cão – tais como fraturas, luxações, displasias, e outros, devem ser corrigidos sempre que possível. Sempre que tiver dúvidas quanto à forma como o seu cão está caminhando, leve ao veterinário, não deixe “para depois”: isso poderá fazer toda a diferença na qualidade de vida dele quando estiver velhinho.