Segundo dados de pesquisa, os cães estão em companhia do ser humano há mais de 5.000 mil anos. Essa convivência estreita moldou as raças caninas que conhecemos atualmente e modificou o comportamento alimentar dos cães. Quando em vida selvagem, os cães são consumidores de carne fresca, proveniente da caça, e também de animais mortos em estado inicial de decomposição. Porém, o cão doméstico passou a se alimentar de restos da alimentação de seus donos, que normalmente é compreendida por arroz e pães (carboidratos), restos de carne e ossos (proteínas, lipídeos e minerais) e por vezes ainda frutas e legumes (vitaminas e fibras). Assim, o cão selvagem consumidor estrito de carne, evolui e passa a ter comportamento alimentar onívoro.As exigências nutricionais dos cães variam de acordo com a idade do mesmo e fases da vida. O cão filhote, devido ao seu rápido crescimento, necessita ingerir quantidades significativas de proteína e minerais para seu ótimo desenvolvimento.Nesse período, o ideal é fornecer ao cãozinho uma ração específica para filhotes, sendo que a mesma pode ser o único alimento do cão, mas, se o mesmo aceitar, pode-se complementar sua dieta com frutas e legumes cozidos, em poucas quantidades. A ração para os filhotes deve ser oferecida no mínimo, 3 vezes por dia, de manhã, a tarde e a noite, sendo sua ingestão diária dividida em 3 partes. Esse modo de alimentação é o ideal porque o filhote está acostumado a mamar várias vezes ao dia, portanto sua dieta ainda deve imitar aquela dieta na qual ele estava acostumado. A partir de certa idade, que varia com o porte do cão, o mesmo passa a ser um jovem adulto, e suas exigências nutricionais mudam. Para cães de pequeno porte (entre 1 a 10 kg de peso quando adultos), o melhor período para a troca da ração de filhotes para a de adultos, está compreendida entre 8 a 10 meses de vida. Para cães de porte médio (entre 10 a 25 kg de peso quando adultos), a troca da ração pode ocorrer entre os 11 aos 14 meses de vida. Para os cães de porte grande (entre 25 a 50 kg de peso quando adultos), a troca normalmente deve acontecer entre os 15 aos 20 meses de vida e, finalmente para os cães gigantes (acima de 50 kg de peso quando adultos) a mudança da ração ocorre entre os 21 aos 24 meses de vida. Essas diferenças na idade de troca da ração se devem principalmente a diferença no desenvolvimento desses cães, os menores se desenvolvem em um período de tempo menor quando comparados aos cães maiores. Obedecer a esses limites de tempo é importante para se evitar, principalmente nos cães de portes grande e gigante, anomalias de desenvolvimento que geralmente não podem mais ser corrigidas quando adultos, como deformidades dos membros e até mesmo o não desenvolvimento do potencial genético do cão. A partir dessa idade, o animal necessitará de uma dieta que se adéque ao seu modo de vida. A troca da ração de filhote para a de adulto, deve ser de forma gradual, assim como qualquer mudança de ração. Na primeira semana, deve-se oferecer ao cão 75% da ração antiga mais 25% da ração nova. Na segunda semana, a dieta deve compreender 50% da ração a ser trocada mais 50% da nova ração. Na terceira semana as quantidades se invertem, sendo 25% da ração antiga acrescida de 75% da nova ração, e a partir da quarta semana, pode-se fornecer somente a nova ração. Animais atletas são mais exigentes que animais sem atividade. Portanto, a alimentação dos adultos obedece a critérios determinados pelo comportamento do cão. Oferecer uma ração de qualidade e de boa digestibilidade é imprescindível para a manutenção da saúde e bem estar animal. A quantidade de alimento fornecido é fator importante também, a fim de se evitar a sobrealimentação, que por vezes leva o cão à obesidade e consequentemente a cardiopatias graves, que diminuem a qualidade e a expectativa de vida. Também a subalimentação não deve ocorrer, visto que a anemia e o emagrecimento podem ser sintomas de deficiência alimentar e devem ser evitados. A quantidade de ração a ser ingerida diariamente varia de acordo com a digestibilidade da mesma e para obtenção dessa quantia, devem-se fazer os cálculos de ingestão de alimentos de acordo com o peso do animal. Na prenhez, as exigências nutricionais da fêmea gestante aumentam, visto que seu organismo estará nutrindo, além dele mesmo, os filhotes presentes no útero. O período gestacional de maior exigência ocorre no terço final do mesmo, a partir do dia 40 da gestação, onde ocorre o aumento em peso dos filhotes, com consequente compressão dos órgãos internos da mãe. Portanto, nesse período de maior exigência, que se estende até os 30 dias após o parto, a fêmea deve receber uma dieta de alta digestibilidade podendo se complementar sua alimentação com suplementos nutricionais específicos. Os cães em idade avançada também requerem cuidados especiais na sua dieta. Por apresentarem metabolismo mais lento, e por vezes problemas bucais (queda de dentes, gengivite) devido a idade ou devido a ausência de cuidados específicos com a saúde bucal, por parte dos proprietários, a ração deve ser de boa digestibilidade e moldada em um croquete de fácil mastigação. Sua composição em gorduras deve ser reduzida e a de fibras solúveis aumentada, garantindo-se a manutenção do peso do cão e da flora intestinal, que é de suma importância na manutenção do sistema imune. A idade em que um cão se torna idoso também varia de acordo com seu porte, assim como quando passa da fase de filhote para adulto. Cães de porte pequeno possuem expectativa de vida maior que cães de ração grande. Assim, os cães de porte pequeno e médio se tornam idosos a partir dos 11 anos, cães de porte grande e gigante podem ser considerados idosos a partir de 9 a 10 anos de idade. As rações disponíveis no mercado abrangem todas as fases de vida do animal, existindo alimentos específicos para cada uma delas. A escolha da mesma pode ser supervisionada por um zootecnista, a fim de se oferecer o melhor alimento para o cão, evitando-se distúrbios alimentares. Na Agropecuária Funari, temos um programa de cálculo de ingestão de ração para cães, feito gratuitamente para os clientes. Basta fazer a pesagem do animal e informar que tipo de atividade o mesmo exerce.
Artigo escrito por:
Sabrina Funari
Zootecnista graduada pela FZEA - USPMestranda em Nutrição e Produção Animal pela FMVZ - USP
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